Eu sou frígida

O meu prazer sexual é baseado no intelecto e não no físico. O meu gozo não provém do atrito sistemático do clitóris. Eu sinto, sim, prazer em satisfazer fantasias, em dominar e ser dominada, na esfera ideológica.
Óbvio que é necessário algum tipo de contato para o organismo em si, mas apenas isso não me auxilia no clímax. Preciso sempre ter o lado lúdico e perverso do ato sexual.
Eu não entendo homens que desejam apenas a casca que mais cabe no seu padrão de ideal, totalmente baseado no físico. Seja a mão, os pés, os olhos, os seios, as nádegas. Encontrar uma igual em fantasias, mas que não caiba no seu padrão estético, logo não serve. É físico, presos dentro da sua própria mente , eles doam o corpo apenas.
Por isso mesmo detesto homens muito bonitos ou definidos por horas de academia. Esses me lembram amendoins, aqueles que quando se abre a casca e descobre-se apenas um amendoim murcho e nada suculento. Descobrimos que esses são vazios de conteúdo libidinoso.
Mas me atraem sim aquelas relações defeituosas, doentias, que transbordam raiva, frustração, desejo, ânsia. Cheios de bom material de fantasia erótica.
Não daquelas que a grande massa de filmes pornográficos nos vendem, essas coisas são para homens. Apenas a carne. Estou, na verdade, falando de fantasias sussurradas de sedução como grande parte da preliminar.
Dos desejos ocultos e não revelados por coisas estranhas. Eu me sinto bem satisfazendo desejos, isso sim me dá prazer. O sexo cotidiano, sem significado, me enfada.
Quando em uma relação cheia de significados o meu orgasmo é rápido e prazeroso, mas apenas com um outro que me desperte interesse intelectual. Alguém que eu possa discutir e argumentar por horas, como uma dança que desafia o outro a tomar um passo mais ousado, conteúdo.
Por isso mesmo costumo perder o interesse em pessoas que não entendem o prazer da argumentação, que não buscam o prazer, que não acrescentam. Lamba meu pé, fique de joelhos, me amarre, despreze, mas não seja condescendente.
Portanto sou frígida.
Podem me tocar qualquer parte do corpo sem a luxúria necessária e eu nada sentirei, talvez repulsa apenas.
Caso eu não esteja envolvida e entregue mentalmente, não sentirei nem prazer, nem estímulo, nem cócegas e me pergunto mesmo se sentiria dor se não soubesse que aquele gesto doeria.

Dor e Prazer

Sempre me assustou pessoas que temem a sua própria dor.

Eu nem mesmo me lembro da primeira vez em que senti dor, afinal, supostamente, a dor que sentimos ao nascer é excruciante. Já li em algum lugar que o ar entrando nos pequenos pulmões do recém-nascido é a primeira invasão dolorosa da vida. Li ainda que parece que algo vai rasgá-lo por dentro.
A dor faz parte da nossa vida desde o primeiro instante, afinal, imaginem-se sendo cuspidos pra fora de uma boca bem menor que você.
Quem nunca ficou mexendo em uma ferida apenas para sentir aquela dor leve e reconfortante?
Como alguém que não sente dor sabe que está vivo?
Algum de vocês, leitores insistentes, já teve um relacionamento sem conflitos, sem briga? Eu tive uma vez. Por 2 meses. Foi o quanto eu agüentei de um namorado que apenas acatava as coisas que eu dizia. Alguém que não suportava entrar em uma briga. Ele tinha medo da mágoa.

Quando eu perdi a minha virgindade foi, bem... sem graça.
Eu estava esperando sentir a penetração como uma usurpação e no entanto o cara que estava me deflorando fez aquilo tudo devagar, com cuidado. Foi frustrante. Não gosto de ser tratada como uma boneca de porcelana.
Depois, na segunda vez, com a mesma pessoa, eu o levei até um banheiro pequeno e público, virei de costas, empinei a bunda e pedi pra que ele enfiasse com força. Ali foi o momento que eu perdi o hímem, pois nem isso ele tinha conseguido da primeira vez.
Logo eu notei que toda essa coisa de levar o sexo de forma delicada não era para mim. Só de imaginar alguém tocando apenas de leve na minha pele me dá repulsa. Vontade de pedir para que a pessoa faça direito ou não faça. Até mesmo uma certa raiva. Eu gosto de ser tocada de verdade, gosto de sentir que o outro gostaria de estar dentro de mim com todas as suas forças, para aí sim, engolir.

Basta pensar um pouco na dinâmica sexual, ela é toda baseada no poder, em quem tem o direito ou não de ferir. Quem fica por cima, quem controla. Cada posição tem a sua dinâmica de poder, cada preliminar. Tem algum exemplo maior de submissão que praticar sexo oral no seu parceiro?
Ajoelhe-se e dê prazer de uma forma que não leva a reprodução, nem ao seu prazer óbvio, deixe-se ser conduzida, pega pelo cabelo, deixe que ele ejacule na sua boca, e adore cada segundo por ele te possuir. Um misto de vergonha, dor e prazer vai te consumir e preencher. Desde que aceite. Desde que aproveite a sensação de ceder controle. Desde que queira, de qualquer maneira, satisfazer os desejos da pessoa ao seu lado. Sexo sem entrega não é satisfatório.

Manias e Compulsões

Quando uma história realmente começa?
Muitos dizem que nossa personalidade começa a ser formada do ventre da nossa mãe, coisas como: “coloque musica clássica para sua barriga ouvir e seu bebê nascerá inteligente”.
Outros acreditam plenamente que sua personalidade é um carma ou algum tipo de escolha divina, coisas que precisamos conviver e aprender a superar, nossos defeitos. Para sermos pessoas melhores e elevadas precisamos mudar.
Algum tempo atrás eu ouvi, de uma pessoa que eu fui apaixonada, a seguinte coisa: “Defeitos não existem. São apenas características que nos ajudam a enfrentar as coisas que passamos”. O contexto onde ele disse isso era recheado de significado religioso, “D’us não nos faria imperfeitos”.
Juro que eu tentei ser religiosa. Várias vezes eu busquei essa peça, mas a verdade é que falta em mim a necessidade de acreditar em algo. Acho que nem nos momentos de maior tristeza eu pedi algo a algum Deus. Mesmo porque se eu pedir alguma coisa pra algum Deus só quando eu estiver em necessidade, seria uma hipocrisia muito grande.
Mas gostei de pensar que cada um tem características ao invés de defeitos. Com certeza meu ditos “defeitos” me colocaram em muita enrascada, mas me salvaram muitas vezes de sofrer muito mais com os acontecimentos ruins.
Mas, se eu tivesse que definir uma lembrança que diz um pouco sobre uma das minhas características, eu diria que correr atrás do primo de uma amiga é uma delas. Era uma brincadeira interessante que eu e uma amiga fazíamos na segunda série.
Não é novidade que meninos nessa idade odeiam meninas, odeiam beijar e tudo relacionado com não brincar com os amigos. Sabendo disso, eu e ela soltávamos o rapaz pela casa, sim, soltávamos pois ele estava preso anteriormente. E falávamos para ele correr. Depois de contar até 10 corríamos atrás e quando o alcançávamos, e a gente sempre alcançava, nós o beijávamos. Selinho bobo, mas a coisa toda funcionava de maneira de maneira bem cruel. Cada uma ia para um lado e o cercávamos nos corredores da casa grande da avó da minha amiga.
Anos depois, quando estava falando com um ex-namorado, ele me definiu como um lobo, que caça um grupo de bisões. Os pobres bisões correm protegendo os mais fracos no meio. Nem sempre o lobo é bem sucedido, mas quando consegue pegar um dos fracos o grupo se desfaz, expondo as fraquezas para o resto da alcatéia. Ele disse que eu faço isso com grupos de amigos, eu os destruo.
Na hora eu me senti ofendida, mas hoje eu penso naquela brincadeira lá na infância. Talvez ele me visse de uma maneira que nem eu conseguia ver. Não me sinto um lobo, nem uma caçadora. Mas não posso negar que ainda gosto de cercar e abater homens em grupos.

Primeiro contato

A maior solidão que já senti na vida foi em meio a uma multidão. Quando estamos a sós existe sempre a possibilidade de encontrar alguém, de ligar, de sair. Mas quando se sai, encontra pessoas e mesmo assim isso não extirpa o vazio de dentro de si, existe a certeza, inegável, de que você está sozinho.
Qual a reação de alguém que constatou que não pertence a isso que está a sua volta?
Eu só posso falar por mim, afinal não leio mentes, ainda! Em verdade cada um pode falar apenas por si mesmo. E isso parece óbvio quando escrito, mas é impressionante a quantidade de pessoas que parecem saber mais que você sobre sua própria vida.
Pais, familiares em geral, amigos, conhecidos, colegas, pastores... cada um deles acha que sabe o que é melhor para você, segundo sua própria filosofia.
Sabem, eu pensei muitas vezes, em como começar esse texto e os próximos. Textos sobre a minha vida, a minha história! Ora, quem pode saber mais disso que eu? Que forma melhor que em primeira pessoa, então?
E toda boa história começa com a apresentação da personagem principal. Mas quem falou que essa é uma boa história? Se alguém está lendo isso para aproveitar uma boa e velha ficção com algum final intenso, pode parar de ler agora!
A todos os outros que continuarem, um comunicado: Não pretendo ser dócil! Nem comigo nem com nenhum outro envolvido. Isso é como EU vejo as coisas que aconteceram a minha volta.
Feitas as devidas introduções, eu.
Quando por polidez as pessoas perguntam quem você é, querem saber (na maioria da vezes) o que você faz para sobreviver. Porém, pouquíssimas vezes a pessoa pode ser definida pelo que faz das 8 da manhã às 18 da tarde.
Mas como nossas relações superficiais e interesseiras estão pouco se lixando para a verdade ou para o próximo, basta saber o piso salarial.
Não importa saber como eu sobrevivo por enquanto, basta saber que eu escrevo. Coisas.
Gosto dos meus contos e crônicas, odeio minhas poesias e faço roteiros com afinco e paixão. Em verdade, já que citamos o seu santo nome em vão, pode-se entender mais sobre mim lendo meus personagens que convivendo comigo por anos a fio. Eu sou uma ostra, ao menor sinal de aproximação real eu me fecho. O que de bom eu produzo sai da minha inquietação e irritação.
Entretanto todos a minha volta parecem saber muito de mim. Colegas e amigos recém-conhecidos me consideram amável, sociável, aberta. Mas já fui chamada de súcubus, não apenas uma vez, e de anjo, muito mais vezes.
Querem saber o que eu acho?
Cada um vê o que deseja ver!

Quem sou...

Helena foi uma mulher belíssima, mas acima disso foi uma mulher pela qual muitos heróis morreram e uma guerra foi travada.
Helena é um vulcão, e apesar de todas as analogias ligadas a isso, ainda é o vulcão mais ativo do mundo. Poder de destruição e atração.
Quer saber meus segredos?
Bem-vindos à minha casa...